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Será que falta tempo mesmo?

Um amigo disse-me há alguns dias que não para para olhar o céu porque não tem tempo para isso. Juro que fiquei espantada com a afirmação e pensei rapidamente: que pessoa neste mundo não tem um minuto sequer para olhar para cima e contemplar uma coisa tão bonita? Assim que o questionamento estampou meu pensamento logo veio a resposta, fria e direta: antes de qualquer coisa há quanto tempo eu, euzinha, não consigo parar um minuto do meu dia para ver, sei lá, o tempo lá fora pela enorme janela bem à minha frente, das 8 às 18 horas, de segunda a sexta-feira? Podemos até dizer que a correria e as necessidades momentâneas, principalmente a eterna urgência disfarçada de falta de planejamento (sua e dos outros), são as grandes culpadas pela falta de tempo, mas a verdade é que esta culpa é somente nossa e de mais nada. Se parássemos um minuto de nosso dia e olhássemos a beleza do céu, ou seja lá o que for que lhe deixa feliz, o dia seria mais leve, ganharia um ritmo diferente e a reclamação pod

Dentro de um copo d’água...

Imagine se pudéssemos ver o futuro no fundo de um copo d'água, desses que temos na cozinha de casa. Sinceramente não sei nem de qual forma isso seria possível e se gostaria de enxergá-lo. Mas se eu pudesse ver o futuro, bem lá no fundo do copo, gostaria de ver sorrisos, abraços e gargalhadas, que quase sempre são mais engraçadas que o motivo que as geram. Queria ver chuva, mar, calor, estrelas e palavras que fizessem algum sentido, sempre que eu as precisasse ler ou ouvir. Queria ver pessoas queridas e amadas por todos os cantos, não essas que nos chateiam diariamente e que torcem com empolgação pela infelicidade alheia. Queria ver acordes, rimas e cores, de todos os jeitos. Entretanto, se eu pudesse ver o futuro no fundo de um copo d'água seria obrigada a encarar medos desnecessários, sofreria por antecedência justamente por não poder evitar o inevitável. Teria que ver todas as decisões que teria que tomar e escolhas feitas, me limitando a seguir um caminho fixo, repleto de at

Olhos de menino...

Ele não sabia como seria seu dia. Apenas entrou no carro sem perguntar nada, pois não queria mais ver o desespero daquela menina pela qual poderia dar sua vida. Durante horas se deixou levar para um local que imaginava ser obscuro, mas não tinha medo. Estava lá para ajudá-la a se localizar e a ficar mais calma; gostava do papel que tinha na vida da menina. Há mais de 20 anos ele não passava por aquelas ruas tão distantes. Percorreu quilômetros até chegar lá e, pela janela do carro, só conseguia ver carros e mais carros, além de ouvir aquelas buzinas infernais e que tornavam o percurso um pouco irritante. Chegando ao local desejado, a menina correu para seu compromisso indesejado e ele resolveu desvendar sua curiosidade, queria clarear o que julgava obscuro. Horas se passaram e os olhos de menino tomaram a alma deste homem; só acompanhavam as avenidas movimentadas. O azul daqueles olhos, acostumados ao verde das árvores e ao vermelho do barro, se renderam ao cinza das ruas. Sequer conse

E o que faço agora, com o diploma rasgado em mãos?

Queria fazer uma graduação e lá fui estudar o que eu sempre quis: Curso escolhido: jornalismo, sonho de criança que iria se realizar; Investimento: mensalidade do curso, transporte, alimentação, muitos livros, encadernações e cópias, fitas mini-DV, aluguel de câmera e cinegrafista, idas e vindas de São Paulo e Brasília para entrevistas, contas absurdas de telefone (por causa das entrevistas), etc; Consequências do investimento: pai, mãe e Gabi se matando de trabalhar e se privando de muitas coisas, com dinheiro contado para tudo; Duração: quatro anos estudando feito louca semiótica, teorias de comunicação, história da arte e do jornalismo, português, infografia, filosofia, técnicas de redação para TV, rádio, jornal e revista, jornalismo científico, investigativo, cultural, esportivo, econômico e tudo sobre assessoria de imprensa. Isso sem falar do tempo dedicado aos projetos semestrais de Iniciação em Jornalismo e outros trabalhos que tomaram noites e noites de sono... Ufa! Os quat

Ela, ele...

Ela acha que ele é uma gracinha há tempos, enquanto ele disfarçadamente tenta esconder seu enorme interesse por ela... Ela fica totalmente sem jeito quando ele está por perto, enquanto ele se controla para não derrubar tudo e beijá-la ali mesmo, na frente de todos... Ela aceita um convite para jantar, enquanto ele comemora a nova conquista... Ela espera um anel de noivado, enquanto ele só pensa em fazer as coisas na hora certa... Ela consegue a joia rara, enquanto ele procura um novo apartamento para os dois... Ela quer dormir, enquanto ele ainda insiste em namorar... Ela descobre o quão chatas são as manias dele, enquanto ele tenta não descobrir as dela... Ela fica brava por ele nunca se lembrar do dia dos namorados, enquanto ele pensa que isso é uma bobagem e que a única coisa que importa é gostar tanto dela...

Três já é demais...

Viabilizar o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva ou não, eis a questão. A proposta de emenda constitucional que permite duas reeleições continuadas ao presidente brasileiro, e consequentemente aos governadores e prefeitos, é praticamente um afronte ao governo democrático e quase tão devastadora e perigosa quanto a ameaça nuclear é ao mundo. A iniciativa do deputado Jackson Barreto do PMDB (vulgo partido em cima do muro e a favor da situação, desde que recebam algo de interesse) abre as portas para mais um problema sério, além dos já exitentes e com os quais devemos lidar diariamente: a probabilidade de aprovar uma emenda que apoiará o populismo desenfreado, acentuando ainda mais a dependência de uma população extremamente carente e pobre. Mesmo que a proposta tenha sido devolvida ao autor pela Câmara, devemos lembrar que uma situação extremamente parecida já fez parte da história brasileira e levou a vários anos de repressão, tudo isso há menos de um século. Será que precisam

O "claim" da questão...

O uso exacerbado de termos em english durante uma simples conversa tem me irritado muito ultimamente. Parece que é cada vez maior o número de pessoas que start up suas frases com palavrinhas americanizadas, transformando uma resposta rápida ou um comentário banal numa verdadeira stomach ache . Não sei quem deu o kick off nesta modinha infernal de colocar palavras estrangeiras em tudo quanto é frase, mas aposto que metade dos cidadãos que as usam nem sabem ao certo o real significado que saem de suas bocas e nocauteiam os ouvidos alheios. Na verdade desconfio seriamente que estes indivíduos não imaginam o papel de loser que fazem na frente de todos, preferindo acreditar que são o máximo por usarem little words que só enfeitam discursos fracos e ideias sem nexo. E se você é do tipo que usa termos estrangeiros em qualquer frase em português think twice, sweetheart! Deixe para usá-los à vontade numa aula de idiomas ou em conversas nas quais sejam indispensáveis, ou senão vai continuar

Se gostar de chuchu fosse tão fácil...

A maior parte das mulheres, antes de comprar qualquer alimento industrializado para consumo rápido (leia-se aqui chocolate, sorvete, cookies e salgadinhos), certamente segue os dez preciosos passos que vou detalhar abaixo: 1. Entra no mercado decidida a sair de lá com uma coisa bem gostosa para comer; 2. Vai até a seção do produto e escolhe um; 3. Vira a embalagem e olha quantas calorias tem; 4. Ao ler o tanto de calorias do produto quase tem um ataque cardíaco e larga aquilo como se fosse uma bomba prestes a explodir e acabar com toda a vida na Terra; 5. Decepcionada vai e escolhe a versão light ou outra coisa mais saudável; 6. Faz umas contas malucas na cabeça, com aquela cara estranha, para saber se pode ou não comer aquilo; 7. Olha de novo a tabela nutricional e vê que as calorias não ultrapassam dois dígitos e que se comê-lo continuará a caber na calça; 8. Vai até o caixa do supermercado e paga o produto (sempre muito mais caro); 9. Come o que comprou, mesmo que aquilo tenha um go

Deixe-se surpreender...

Uma mulher caminha pela rua e está com uma roupa muito extravagante para os padrões normais. Ela passa entre homens e mulheres e desperta olhares desconfiados, cheios de julgamentos e rótulos, mas apenas segue o seu caminho. Muitos podem achar que ela tem uma profissão antiga, outros apostam que ela não sabe como está ridícula ou ainda dizem que ela só arrumou um jeito de chamar a atenção. Aposto que nenhum diria que ela tem liberdade para usar o que quiser ou que é uma excelente pessoa; o legal mesmo é não deixar de fazer um comentário maldoso. Vou ainda descrever uma outra situação. Um colaborador dá uma lida em um texto de um acadêmico ou de um profissional que está acima dele no organograma e, com boa vontade, decide expor sugestões benéficas ao autor. Entretanto, ao mostrar ao seu superior um novo ponto de vista, logo é esnobado ou recebe questionamentos indevidos, como se não tivesse capacidade intelectual de melhorar aquilo só por causa da sua pouca idade ou por sua colocação pr

Me dá um abraço?

Você está sentado em sua mesa de trabalho um pouco triste ou precisando se animar e, de repente, dá aquela vontade de abraçar uma pessoa querida. Juro que sempre peço um abraço para quem está perto de mim, mas só àqueles que sei que realmente retribuirão o gesto com sinceridade. Entretanto, é muito comum ter um colega ao redor que olha a atitude com desdém, mesmo quando isto deveria ser totalmente normal. Mas, afinal, o que há de errado em querer abraçar alguém ou em pedir um abraço? Diariamente pedem tantas coisas absurdas, por que não um abraço? O que há de diferente nisso, minha gente? Definido por nosso querido Aurélio como ato de abraçar e de se estreitar nos braços de outrem, este gesto é muito mais que uma demonstração de carinho ou de educação. É a pura confirmação de que o ser humano precisa de contato com os seres de sua mesma espécie e necessita ter este momento de cumplicidade constantemente, não importa a situação pela qual está passando. Simbolicamente diria até que é