Os limites de 2016...

Não tenho sido uma pessoa muito otimista (pudera de estar começando o texto já com uma negativa). Também tenho meus motivos: 2016 está sendo um ano em que tenho sido testada em tantos limites, que ver a vida com os filtros do Instagram tem se tornado tarefa impossível.

Inicialmente estes limites eram apenas físicos, daqueles que você tenta superar em seus treinos e dos quais me orgulhava em estar realmente progredindo. E nesta progressão, quando estava porreta de boa, encontrei o dito limite, que me levou a deixar a corrida de lado por um bom tempo e a ter que abandonar a parte mais importante de uma rotina pesada (e que amava) de treinos, para exercitar a paciência de meu corpo. Objetivos foram deixados de lado e uma pequena parte de minha alegria também. Quem é corredor apaixonado sabe do que estou falando.

Depois do físico meu emocional passou a ser testado de diferentes formas. A depressão de um ente mais que amado me fez perceber que até o ser humano que parece ser o mais forte pode ser derrubado de forma brutal e sem pudores. E se você não é a parte afetada, para tentar vencer esta maldita doença, é preciso estar forte para ser o suporte de quem precisa, sem julgamentos ou certezas, somente suporte. É apenas estar lá para o que der e vier. Quem passou por isso sabe do que estou falando.

Mas a vida não é feita só dos sentimentos em terceira pessoa. Também há que se viver na primeira pessoa, não é mesmo? E foi justamente aí que meu limite de sentimentos começou a ser testado também, numa das partes mais importantes de minha vida. Assim como os demais 12 milhões de brasileiros, perdi o meu emprego por conta da crise econômica que acabou com nosso Brasil. A notícia, que recebi há pouco mais de um mês, tirou meu chão e jogou minha autoestima no lixo. Mesmo sabendo que não nascemos CNPJ, mas pessoa física, abalou minhas estruturas pessoais, pois trabalhava desde 18 anos e tive que deixar repentinamente aquela rotina que tanto gostava. Quem passou por isso sabe do que estou falando.

E com a sensação de estar no poço, não me entreguei. Comecei a subi-lo para novamente ver a luz, mas quando estava na metade do caminho a minha mania de falar a verdade e espontaneidade me derrubaram num só golpe. As duas juntas, sem dó ou piedade. E lá se foi todo um conjunto de sonhos por terra. Dói o coração, pois uma grande parte dele se esfarelou. Quem sabe do que estou falando também vai entender.

Passando pelos limites do parágrafo anterior, decidi escrever porque 2016 tem sido meu limite: mitigou meu otimismo, abafou meu bom humor, chutou minhas expectativas, me fez descreditar no ser humano, ensinou-me que dizer a verdade lhe traz uma série de problemas e que planejamento só dá certo se você não espera muito dele.

Ainda que 2016 não tenha terminado, devo dizer que ele também tem um lado para se tirar proveito (olha um pouco do otimismo aí). Tem me mostrado que sempre se pode erguer a cabeça e persistir no que deseja, se realmente desejar, mesmo que continue apanhando; que a vida tem sempre um outro lado, que deve ser o bom da situação; e que os estopins e alertas são simples e pequenos, mas que por não chamarem a nossa atenção lhe passam a rasteira e você dá com a cara no chão.

Este aninho "de lázaro" tem feito com que eu compreenda que os limites estão aí justamente para serem superados, tal como uma função matemática demonstra sua fundamental importância para definir as derivadas e dar continuidade a um raciocínio. Vamos ver se entendo melhor as funções que têm cada tipo de situação...

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