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A Larinha!

Último domingo de outubro, com o sol aquecendo a praça como um abraço de fim de semana. Minha sobrinha Lara, corria à frente, com os cachinhos saltitando e a risada enchendo o ar. Ser tia dela é uma aventura que me faz redescobrir o mundo. C rianças são simplesmente incríveis. A praça estava viva. Ao fundo, músicas em espanhol — talvez um Bad Bunny seguido de uma balada romântica — se misturavam aos gritinhos das crianças . Era um caos gostoso, perfeito para um fim de tarde. Lara me puxou para o escorrega. Vê-la deslizar, rindo sem parar, me levou de volta à minha infância em Vinhedo, quando eu era a menina que corria para o parquinho sem medo de cair. E ali, agachada com ela, vi como crianças transformam o comum em magia. Enquanto o céu ficava alaranjado e as músicas em espanhol silenciavam, levei Lara de mãos dadas, ouvindo sua história sobre a Patrulha Canina. Tomamos sorvete e na praça, com ela, só agradeço a Deus por essa tarde que virou poesia pura!

Corajosa, eu?

Sempre pensei na coragem como algo grandioso, tipo um herói enfrentando dragões ou cruzando abismos. Mas, aos 40 anos, vi que ela está nos silêncios que a gente quebra, nas palavras que tremem e nos passos pequenos que damos, mesmo com o coração batendo de medo. Este ano, olhei para trás e revisitei uma lista que fiz no último dezembro, cheia de sonhos que pareciam frágeis. Ao reler, percebi que enfrentei tempestades que quase me derrubaram e saí da plateia para o palco, dando voz a ideias que antes só viviam na minha cabeça. Num momento especial, conversando com um certo alguém, ele me olhou nos olhos e disse: “Você é muito corajosa!”. Coragem? Eu? Sim, eu! E me peguei pensando que tenho tido coragem de viver, de ser eu mesma, mesmo quando os meus pilares desmoronaram. Aliás, lá estavam várias pessoas que me sustentaram, com gestos, palavras e presença, me ajudando a me reerguer. Foi como se 2025, com todo o seu caos, tivesse sido só o vento que soprou minhas asas, me ensinando a sair...

De cara feia...

Hoje acordei com o mundo amargo, atravessado, ao contrário dessa imagem aí. Aliás, raras vezes fico assim, com a alma emburrada e o dia passado no avesso. Mas quando fico - ah, quando fico! - minha única vontade é apertar o botão do reiniciar, mas isso não é possível.  Nestes dias, em que o humor lateja e o silêncio pesa, eu só queria ser abraçada. Poderia ser um “oi” mais elaborado ou que dissesse o que eu queria ler ou escutar. Mas parece que tem gente que não entende! A vontade era de esfregar na fuça um manual do que deve ser feito, mas a vida não permite. Até seria injusta se isso fizesse, porque ninguém tem as instruções de ninguém. Aliás, nem eu mesma sei o porquê de ficar assim, tão vulnerável! Talvez seja carência antiga - daquelas que só terapia dá jeito - ou só o eco de querer existir um pouco mais alto na vida de alguém. São coisas que tenho que resolver comigo mesma. E quando essa atenção não vem, aí me transformo num vendaval de teimosia e sentimento. Mas logo depois,...

O que enxergo em você…

É fascinante como percebemos o mundo de formas tão distintas. O que é belo para um pode ser insignificante para outro, e vice-versa. Mas há um tipo de visão que transcende essas diferenças, uma que é própria de cada alma: a capacidade de enxergar a essência verdadeira do outro. É aí que reside a verdadeira beleza das coisas. Essa visão é rara, quase mágica, mas quando acontece, é transformadora. É como um vício sutil, que nos deixa vulneráveis, mas de uma vulnerabilidade que acolhemos com prazer. Pode parecer fraqueza (e que seja!), mas quando ocorre, nada permanece como antes. Ideias ganham vida, sensações se tornam novas aventuras, e a alegria se manifesta, pura e intensa, nunca fugaz.  Enxergar o melhor de outra alma é ter o prazer da companhia genuína, o desejo mútuo de se querer bem com o que se é, não com o que se tem. É se dar bem, não desejar mal a quase ninguém, e ir à luta conhecendo a dor, mas sem jamais se render a ela. É algo tão belo quanto indizível, pois há um tipo ...

Quando um certo alguém…

Por tanto tempo tentei evitar seus olhos, mas, quando não consegui mais, simplesmente não pude reagir. Eles exercem sobre mim algo único: fico paralisada diante da intensidade que revelam. Não sei explicar, mas só consigo ser eu mesma na presença deles. São tão encantadores, e me deixam tão à vontade, que não consigo fingir absolutamente nada. Sou o que sou, com intenções explícitas, com ou sem. Seus olhos, aliás, cruzaram meu caminho e mudaram minha direção. No início, eu até ficava sem jeito, mas eles despertaram sentimentos de tal intensidade e profundidade que não me restou outra alternativa senão me entregar. Já tentei deixar isso subentendido, pois parecia uma fraqueza, mas agora pouco me importa. Sei que não é algo fugaz, tampouco abstrato. É algo que me faz tão bem, como a brisa na pele após um dia de sol.  E assim sigo, quando um certo alguém simplesmente olha para mim…

Autenticidade de viver por si...

Não há nada mais triste do que alguém que vive à sombra da vida alheia, alimentando-se de histórias, experiências e conquistas que não lhe pertencem. Essa dependência emocional cria um ciclo tóxico, onde a alma se perde, incapaz de se reconhecer e de ser quem realmente é.  Quando alguém se mergulha tanto na vida dos outros, torna-se um espectador passivo. Essa pessoa observa e se envolve de maneira quase obsessiva, mas, no fundo, permanece à margem de tudo. Pode parecer próxima da realidade, ao pensar saber cada passo da rotina, mas na verdade não conhece o que realmente importa. E é difícil imaginar uma vida tão vazia quanto essa! Para tentar preencher esse vazio, muitos recorrem a autohomenagens, numa tentativa desesperada de transmitir uma imagem de sucesso e felicidade. É um esforço fútil para afirmar uma identidade que, na verdade, não existe. Essa necessidade de validação revela apenas a inveja que se transforma em força motriz, levando a promover discórdias e conflitos, na e...

Semelhante atrai semelhante…

Tenho um amigo muito querido chamado Joel, com quem tive o privilégio de conviver por quase três anos no trabalho. Ele é uma das pessoas mais inteligentes e especiais que já conheci e me lembrei de nossas conversas hoje, enquanto refletia sozinha - olhando para o céu! - sobre todas as mudanças que tenho vivido e os desafios que venho aprendendo a superar.  Foi aí que me lembrei de uma das nossas conversas durante o almoço, dessas que sempre me marcavam. Joel é major da reserva e - entre tantas habilidades - também é piloto. E em uma de nossas conversas, ele certa vez me explicava sobre helicópteros, suas engrenagens e, principalmente, a atenção necessária no momento do pouso. Pegou um papel e, com a simplicidade e sabido que só, desenhou ondas para me mostrar como as vibrações do solo e da aeronave precisavam estar em equilíbrio. Caso contrário, disse ele, o helicóptero poderia se desmontar por completo. E aí não aconteceria o pouso, mas um enorme acidente.  E ele me explicand...