O verdadeiro galo da madrugada...
Estava lá, num sono gostoso e profundo,
quando comecei a ouvir um galo cantar todo animado. Na minha cama, de pijamas, quentinha e
não entendendo muito bem se era parte do sonho maluco que estava tendo ou
realidade, ouvia o bendito galo cantar sem parar. Até levantei para ver que
horas eram, pois o bichinho estava tão afinado que só deveria estar dando
boas-vindas a um novo dia com sol e céu claro.
Para minha surpresa, porém, o sol
estava longe de aparecer: eram 2h30 da matina, em plena sexta-feira, 17 de agosto de 2012, e o
bichinho a cantar sem parar. Do outro lado da história, eu, que estava desfrutando
do sono profundo e fui surpreendida com tanta cantoria, querendo recuperar e voltar
ao sonho maluco e ao soninho gostoso. Contudo, o galo continuou por muito tempo
com seu repertório; o mesmo tempo, aliás, que eu levei para voltar a dormir.
Durante os demorados minutos em que o galo cantor
dava seu show particular em algum quintal perto de minha casa, comecei a me
lembrar ensonada que eu mesma já tive um bichano deste. Às 2h45 da manhã, comecei a recordar deitada na cama a boa época em que morava no
fundo da casa de meu avô, quando fui a uma festa do Dias das Crianças e voltei
de lá com um pintinho amarelinho, presente sem noção e típico da década de 1980.
Nem preciso dizer o quanto eu adorava o animalzinho.
Eis então que o pequeno pintinho –
sem malícia, por favor, este é um texto de família! – se tornou um galão,
forte, com penas avermelhadas e que ficava desfilando no quintal lá de casa, ou
melhor, da casa de meu avó, exibindo-se às galinhas. Lembro-me que amava tanto
aquele galo que eu até corria atrás dele para brincar, corria tanto que quando
ele cansava logo e ia se esconder do lado do vaso sanitário, para recuperar o
fôlego, lá no banheiro da minha tia. Galo esperto, diga-se de passagem.
E assim a história seguiu, feliz e por um bom tempo, até o dia em que fui viajar com meus pais. Aproveitando a minha ausência, meu avô enxergou o galo de outra forma que eu, não como um bicho amigo, mas dentro da panela; transformou-o num belo almoço de domingo. E eu, assim que voltei da viagem, procurando pelo bichano, fui informada que ele tinha ido morar em outro lugar, que tinha me deixado um abraço. Inocência, mesmo que triste fui fazer alguma outra coisa e só soube o que aconteceu com o meu galo de fato anos mais tarde, quando já tinha idade para entender e sabia o que era quase destino certo desta espécie. E fiquei pensando "tadinho do galo, nem nome ele tinha!", quando percebi que já eram 3 horas da matina.
Meu galo que tragicamente foi para a panela, então, fez-me voltar a escutar o cantar do bendito galo que me acordou, tirou-me do sono maluco e que me fez retornar lá no quintal da casa do meu avô. Neste momento, juro que desejei do fundo do meu coração que o cantor sem relógio fosse à panela, não o maratonista que eu tinha. Contudo, quando cheguei a esta conclusão acho que era tarde, estava no sonho maluco de novo...
Crédito da foto: divulgado no Google Imagem
Comentários
Agradeço pela visita e comentário. Esses galos, viu, tiram o nosso solo. Acho que o que ficava perto de casa já foi para a panela! Fico muito feliz que tenha gostado, seja sempre muito bem-vinda!
Um beijo enorme, Gabi.