O verdadeiro Girl Power x os discursos laxativos...
E eu, que vivi alegremente todo aquele
frenesi dos anos 90, assim que soube do primeiro show, agi como uma mulher de 35 anos, adulta e madura: fui lá no meu guarda-roupa, tirei o pó dos três CDs delas, vi os encartes e imediatamente abri o Spotify.
Logo em seguida, montei a playlist com as mesmas músicas da turnê 2019 e, ao ouvi-las, fiquei muito surpresa em perceber que relembrava todas as letras e as coreôs com maestria.
Logo em seguida, montei a playlist com as mesmas músicas da turnê 2019 e, ao ouvi-las, fiquei muito surpresa em perceber que relembrava todas as letras e as coreôs com maestria.
Mas deixando
para lá o saudosismo de um tempo que nunca mais voltará, com a graças de
Deus, comecei a relembrar o quanto elas - com aqueles figurinos e
personalidades extravagantes, até estereotipadas (e que nós, fãs, gostávamos muito) - já defendiam e falavam
sobre o empoderamento feminino de uma forma totalmente diferente do
que se faz hoje em dia.
As cinco inglesas não
defendiam um empoderamento "nutella" tal como o atual, que é (conta)dominado
pelo politicamente correto ou por uma agenda de militância, que não permite a ninguém sair um milímetro da linha. O Girl Power das Spice Girls era raiz, de atitude e que
mostrava humanidade, verdade e sanidade. Colocava totalmente no chinelo os laxantes e atuais discursos pré-moldados e lineares.
Aquele grito
de Girl Power apimentado fazia
barulho e não era exclusivo desse ou daquele público ou movimento. Ao contrário, absolutamente não fazia
parte de uma agenda militante ou exclusiva de uma cambada chata para camaleão, para não escrever um palavrão. O Girl Power apimentado estava disponível a
todos os que pudessem se identificar e ponto. Podem até dizer que era tão
comercial quanto o que vemos hoje em dia, porém o que não se pode negar é que era muito mais aplicável à vida, justamente por não ser politicamente correto.
E se você duvida
disso, meu total respeito. Só peço que ouça (e entenda) as canções “Who do you think you are”, “Do it”, "The lady is a vamp", a própria
“Wannabe”, além da indispensável “Move over”.
“Move over”,
aliás, parece até um capítulo do apocalipse, que se reflete nos tempos atuais. Lançada em 1997 e escolhida para ser trilha sonora de um comercial da Pepsi, é quase uma previsão
do que seria (ess)a próxima geração. Nesse verdadeiro hino do Girl Power há
muitas palavras lançadas, até gritadas, imperativas e que parecem sem nexo. Mas também há uma mensagem bem clara e
que poderia ser praticada por essa geração: para se semear uma boa semente, você deve ensinar e nunca pregar.
Vivendo numa censura direcionada e aplicada aos que não seguem a
agenda pré-estabelecida, posso dizer que tenho repúdio pela palavra empoderamento, sobretudo se acompanhada do adjetivo feminino e, consequentemente, de discursos pré-moldados. Cresci, afinal, ouvindo o verdadeiro grito de Girl Power, muito apimentado e que não era nem de perto politicamente correto.
E com esse grito autêntico seguirei firme e feliz, com a minha playlist recém-montada, cantarolando que não devo me importar com o que dizem, porque há regras que existem para serem quebradas mesmo. Ao invés de me esconder, logo cedo aprendi que posso expor o que sinto (e penso) sem medo, inclusive sobre meu ranço em relação ao empoderamento laxativo, de qualquer segmento.
E com esse grito autêntico seguirei firme e feliz, com a minha playlist recém-montada, cantarolando que não devo me importar com o que dizem, porque há regras que existem para serem quebradas mesmo. Ao invés de me esconder, logo cedo aprendi que posso expor o que sinto (e penso) sem medo, inclusive sobre meu ranço em relação ao empoderamento laxativo, de qualquer segmento.
“Come on and
do it”, quem tiver vontade. "The race is on to get out of the bottom", finalmente...
Crédito da foto: Instagram oficial das Spice Girls.
Crédito da foto: Instagram oficial das Spice Girls.
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