Desconforto com a falsa necessidade...

O brasileiro nunca teve tanta coisa. Não importa quanto vai receber no fim do mês, as casas já estão cheias de eletroeletrônicos de todos os jeitos, da televisão com tela plana de 50' na sala ao iPod que não sai do lado do seu dono mesmo quando ele entra no banho.

Os artigos de luxo também estão cada vez mais presentes nos lares. Cosméticos que valem mais do que deveriam e que mal cumprem a promessa marqueteira estampada nos rótulos; perfumes com fragrância forte e preços que ultrapassam até um salário mínimo. Mas não tem importância, são todos comprados naquela loja do shopping conceitual, aquela que a madame do condomínio adora.

No guarda-roupa a história não é diferente. As roupas com marcas famosas sobressaem, mesmo que tenham sido divididas em 10 vezes sem juros no cartão de crédito. O importante é mostrar a etiqueta, pois é dela a culpa do absurdo convertido em moda. E se a situação mudou tanto dentro das casas, nas ruas não poderia ser diferente. Os carros saíram das montadoras com tudo e entupiram as garagens e avenidas que já não tinham mais espaço.

Todo este consumismo é explicado por um simples substantivo feminino: necessidade. É comum ouvir que alguém tem necessidade de ter isto e aquilo, transformou-se em justificativa para comprar o que não se precisa, um sinônimo de supérfluo.

Entretanto, essa falsa necessidade contrasta com a real e seu sentido verdadeiro, totalmente aplicável às pessoas que ainda buscam em lixos e no resto imprestável do luxo algo que possam aproveitar, porque estão em situação de pobreza e miséria. Em meio aquele cheiro insuportável reviram tudo para acharem um item que realmente precisam, por pura e real necessidade. Catam latinhas, papelões, tudo o que puderem para poderem sobreviver e ter uma vida melhor, de alguma forma.

Para mim essa realidade contrastante - de duas necessidades completamente diferentes - gera um desconforto absurdo, uma necessidade de mudar algo que está completamente errado. Mudar principalmente as pessoas que defendem a necessidade de ter algo material que não precisam e que certamente vão descartar daqui um mês.

Isso realmente me deixa puta da vida.

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