Eu mesma no mar…

Minha crônica favorita fala de um homem no mar. É um texto rotineiramente magnífico de Rubem Braga, que sempre que leio me faz visualizar e sentir exatamente cada letra como se fosse um filme na minha mente. E hoje, enquanto olhava fixamente para o mar num fim de tarde, deparei-me com meu próprio conto pessoal, materializando-se de forma tão palpável que se transformou nestas palavras.

Olhando para aquele mar, com aquele barco solitário, juro que me enxerguei dentro de um crônico dilema. Fiquei pensando no desejo da ilusão, em perder-me na imensidão daquele mar, para nunca mais me achar. Pensei assim porque sei que tudo não se passa de um doce engano dos sentidos, que desampara amargamente a minha razão.

É, caro leitor, acordar de meu devaneio parece não ser possível, mas será quando toda tormenta passar. E ela vai, só vai, porque não há tempestade pela qual não se aprenda mais e não se saiba enfrentar. 

Naquele imenso mar, com aquele barco deslizando lentamente, deparei-me assim com o meu próprio dilúvio, com a inocente visão de que logo deve cessar. A tormenta, afinal, não pode durar para sempre, mas certamente diferenciará os viris dos covardes quando acabar. 

Nesta minha crônica história, porém, só desejei em ser a corajosa. Mesmo na solitude, avançarei pela tempestade com sentimentos puros, para ser certamente aquela que Braga torceria ao visualizar de seu apartamento, braçada a braçada, na inquieta trajetória pelo mar. 

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