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Mostrando postagens de 2025

De cara feia...

Hoje acordei com o mundo amargo, atravessado, ao contrário dessa imagem aí. Aliás, raras vezes fico assim, com a alma emburrada e o dia passado no avesso. Mas quando fico - ah, quando fico! - minha única vontade é apertar o botão do reiniciar, mas isso não é possível.  Nestes dias, em que o humor lateja e o silêncio pesa, eu só queria ser abraçada. Poderia ser um “oi” mais elaborado ou que dissesse o que eu queria ler ou escutar. Mas parece que tem gente que não entende! A vontade era de esfregar na fuça um manual do que deve ser feito, mas a vida não permite. Até seria injusta se isso fizesse, porque ninguém tem as instruções de ninguém. Aliás, nem eu mesma sei o porquê de ficar assim, tão vulnerável! Talvez seja carência antiga - daquelas que só terapia dá jeito - ou só o eco de querer existir um pouco mais alto na vida de alguém. São coisas que tenho que resolver comigo mesma. E quando essa atenção não vem, aí me transformo num vendaval de teimosia e sentimento. Mas logo depois,...

O que enxergo em você…

É fascinante como percebemos o mundo de formas tão distintas. O que é belo para um pode ser insignificante para outro, e vice-versa. Mas há um tipo de visão que transcende essas diferenças, uma que é própria de cada alma: a capacidade de enxergar a essência verdadeira do outro. É aí que reside a verdadeira beleza das coisas. Essa visão é rara, quase mágica, mas quando acontece, é transformadora. É como um vício sutil, que nos deixa vulneráveis, mas de uma vulnerabilidade que acolhemos com prazer. Pode parecer fraqueza (e que seja!), mas quando ocorre, nada permanece como antes. Ideias ganham vida, sensações se tornam novas aventuras, e a alegria se manifesta, pura e intensa, nunca fugaz.  Enxergar o melhor de outra alma é ter o prazer da companhia genuína, o desejo mútuo de se querer bem com o que se é, não com o que se tem. É se dar bem, não desejar mal a quase ninguém, e ir à luta conhecendo a dor, mas sem jamais se render a ela. É algo tão belo quanto indizível, pois há um tipo ...

Quando um certo alguém…

Por tanto tempo tentei evitar seus olhos, mas, quando não consegui mais, simplesmente não pude reagir. Eles exercem sobre mim algo único: fico paralisada diante da intensidade que revelam. Não sei explicar, mas só consigo ser eu mesma na presença deles. São tão encantadores, e me deixam tão à vontade, que não consigo fingir absolutamente nada. Sou o que sou, com intenções explícitas, com ou sem. Seus olhos, aliás, cruzaram meu caminho e mudaram minha direção. No início, eu até ficava sem jeito, mas eles despertaram sentimentos de tal intensidade e profundidade que não me restou outra alternativa senão me entregar. Já tentei deixar isso subentendido, pois parecia uma fraqueza, mas agora pouco me importa. Sei que não é algo fugaz, tampouco abstrato. É algo que me faz tão bem, como a brisa na pele após um dia de sol.  E assim sigo, quando um certo alguém simplesmente olha para mim…

Autenticidade de viver por si...

Não há nada mais triste do que alguém que vive à sombra da vida alheia, alimentando-se de histórias, experiências e conquistas que não lhe pertencem. Essa dependência emocional cria um ciclo tóxico, onde a alma se perde, incapaz de se reconhecer e de ser quem realmente é.  Quando alguém se mergulha tanto na vida dos outros, torna-se um espectador passivo. Essa pessoa observa e se envolve de maneira quase obsessiva, mas, no fundo, permanece à margem de tudo. Pode parecer próxima da realidade, ao pensar saber cada passo da rotina, mas na verdade não conhece o que realmente importa. E é difícil imaginar uma vida tão vazia quanto essa! Para tentar preencher esse vazio, muitos recorrem a autohomenagens, numa tentativa desesperada de transmitir uma imagem de sucesso e felicidade. É um esforço fútil para afirmar uma identidade que, na verdade, não existe. Essa necessidade de validação revela apenas a inveja que se transforma em força motriz, levando a promover discórdias e conflitos, na e...

Semelhante atrai semelhante…

Tenho um amigo muito querido chamado Joel, com quem tive o privilégio de conviver por quase três anos no trabalho. Ele é uma das pessoas mais inteligentes e especiais que já conheci e me lembrei de nossas conversas hoje, enquanto refletia sozinha - olhando para o céu! - sobre todas as mudanças que tenho vivido e os desafios que venho aprendendo a superar.  Foi aí que me lembrei de uma das nossas conversas durante o almoço, dessas que sempre me marcavam. Joel é major da reserva e - entre tantas habilidades - também é piloto. E em uma de nossas conversas, ele certa vez me explicava sobre helicópteros, suas engrenagens e, principalmente, a atenção necessária no momento do pouso. Pegou um papel e, com a simplicidade e sabido que só, desenhou ondas para me mostrar como as vibrações do solo e da aeronave precisavam estar em equilíbrio. Caso contrário, disse ele, o helicóptero poderia se desmontar por completo. E aí não aconteceria o pouso, mas um enorme acidente.  E ele me explicand...

São apenas textos…

Algumas pessoas estão perguntando o que está acontecendo comigo, por conta dos meus textos. E eu, sinceramente, tenho achado isso até engraçado, pois escrever sempre foi uma diversão para mim. Faço isso desde 2008, num espaço particular, mas somente nos últimos tempos é que tomei coragem de torná-los públicos novamente.  Sempre escrevi sobre tudo. Não comecei a fazer de uma hora para outra. Ao contrário do que alguns imaginam, meus textos quase nunca são sobre mim, tampouco sobre alguém ou sobre você. São apenas textos.  É verdade. Os conteúdos quase nunca combinam com essa pessoa que muitas vezes você pensa conhecer. Mas é que todos têm um lado que poucas pessoas sabem de verdade. Meu lado escritora é bem mais complexo se comparado com o “eu” que desfila pela rua. Novamente, não é sobre mim, sobre alguém ou tampouco sobre você.  O fato, assim, é que há algum tempo comecei a dar vazão a algumas inspirações, percepções ou devaneios. Uma pessoa, em particular, fez-me novame...

Amor, antigo amor…

Crônicas sempre fizeram parte da minha vida, pelo menos da adulta. Descobri esse meu gosto por esse lindo gênero literário ainda antes de saber o que era isso. E de paixão virou um grande amor, tão grande que foi até tema à minha formação em estudos literários, anos depois.  Só poderia amar um gênero tão autêntico e tipicamente brasileiro. Nenhum outro país consegue transformar em literatura o que acontece no dia a dia. São textos mais curtos que podemos levar como inspiração a uma vida. Não tem forma melhor de refletir sobre o ordinário.  E se tem alguém que sabia escrevê-los de forma admirável, era Rubem Braga. Aliás, ele e Clarice disputam, no meu coração, um espaço que é só deles. Seus textos falam comigo de uma forma tão intimista que eu só poderia amá-los. A descrição do que faziam do que é diário e rotineiro me levam a estar junto com eles a cada frase lida. Às vezes é devassador à alma, mas outras transformador.  Clarice sempre está comigo quando preciso entender ...

A mensagem chega…

Como é bom escrever. Colocar no ‘papel’ ideias e pensamentos, ordená-los em frases, criar contextos e construir histórias é uma dádiva. Agradeço a Deus por sempre ter me dado esta facilidade, que é jogar com as palavras desde cedo. Como eu amo fazer isso. Escrever, para mim, é um ato de pura liberdade. Sou o que sou. É quase até uma prática de amor próprio, pois é algo que faço com muito carinho e desprendimento. É uma prática que afaga a alma, pois a permite estar em qualquer lugar, não importa o tempo ou deslocamento. Como é bom ter histórias para contar. Por meio delas a vida fica ainda mais bonita. Fica tão vívida que só poderia aproveitá-la em cada frase. Não importa se o dia foi bom ou ruim. Com as palavras organizadas fora da mente, desprendo-me do tempo. Vivo cada fonema. É incrível o poder que a escrita tem.  Escrever, assim, é se aproximar de quem está longe a cada sílaba idealizada. Goste você ou não da pessoa, a mensagem chega, sempre chega. E se tem algo que enobrece o...

Sempre esperando…

Eu sempre tive que esperar. Por tudo, por todos. É até uma ironia da vida, pois sou o tipo de pessoa que não gosta de se atrasar e, se me atraso, é porque foi extremamente necessário. Puxei ao meu pai nesse quesito. Contudo, sou sempre aquela que - por chegar antes ou dentro do combinado - espera. E a espera, para quem tem ansiedade, é uma péssima situação. Ela parece nunca ter fim; o tempo não passa e nada está bom. A impaciência toma conta da gente de um jeito, que fica chato conviver consigo durante aqueles minutos que equivalem a uma eternidade.  Talvez seja por isso que considero a espera um ato de amor. Você abdica daquilo que é mais valioso para você, para aguardar algo que pode nunca chegar ou nem merecer. Realmente espero que esse tempo todo valha a pena! 

Rampeira jamais...

Há algum tempo tenho enfrentado situações que me colocaram à prova. À prova de tudo, para ser bem sincera. Diria até que fui desafiada a enfrentar a mim mesma e meus pensamentos, dos quais eu sempre fui tão refém. Com o tempo, olhando ao meu redor e para dentro de mim, percebo que essas experiências me moldaram de uma forma que eu nunca imaginei. E eu, que sempre fiz de tudo para agradar os outros e passar despercebida, fui exposta. No começo, senti-me vulnerável, como se estivesse nua diante de todos. Mas hoje, isso já não me afeta. Isso porque adotei para minha vida os conselhos de Polônio a Laertes. Não dou mais voz aos meus pensamentos tolos, para não transformá-los em ações impensadas. Além disso, passei a valorizar ainda mais a simplicidade e a gentileza. Ser amistosa me afasta da vulgaridade. Ao contrário de algumas, jamais me rebaixarei a isso. Não sou rampeira e nunca serei.  Aprendi também que nem todo mundo é bom. Sempre acreditei que as pessoas eram, mas não. Na verdade...

A realidade que você me traz...

Acordei pensando em você. Eu sempre faço isso, mas é que hoje me deu um enorme aperto no peito por você não estar lá. Na verdade, nunca esteve nesse momento tão nobre do dia. Queria que estivesse, mas nunca esteve.  Tomando meu café, fiquei divagando e pensando que, por mais que renegue, esta sua ausência material me sufoca em alguns momentos. Mas otimista que sou, sei transmutar tudo isso em algo bom. E te digo o porquê.  Não vou mentir para você: às vezes lido bem com isso, outras vezes não. É porque esse vazio, que parece dar um nó no meu pescoço, relembra-me que há a realidade. E ela é nua e crua, sem ilusão. É o que é, sem enganar. Mas ela não me derruba, ela me fortalece.  A realidade - que me traz o fato da sua ausência física! - sempre me mostra algo fenomenal. Ela tem sido uma amiga verdadeira. Tem feito com que eu, obrigatoriamente, tenha que sair da zona de conforto praticamente todos os dias. E isso me leva a enfrentar situações e sentimentos que, no longo pra...

Tempo ao tempo…

Viver um dia de cada vez. Essa frase realmente mudou a minha vida, sobretudo nos últimos dias. Para quem tem ansiedade, lidar com o tempo é algo desafiador. Se nos pedem calma, então, aí é que as coisas ficam ainda mais complexas. E tudo o que não preciso é de mais curvas sinuosas neste momento. Viver um dia de cada vez é saber que o passado (infelizmente) não se muda, mas te molda. É entender que as coisas aconteceram da forma que deveriam, queira você ou não. Por mais que doa, ele é o seu próprio museu de escolhas. Contemple ou não, o que foi já foi. Viver um dia de cada vez é saber que você tem que estar no presente. O que é real é o que está acontecendo agora, nada mais que isso. É compreender que o cheiro, o gosto, a sensação, o toque, a vista, o entorno, tudo é o que é, e o que você precisa fazer é vivê-lo. Não há escapatória; é viver sem pensar no que vem no milésimo seguinte. Viver um dia de cada vez é saber que o futuro é algo que ninguém sabe e que ninguém controla. Nem você ...

Eu sabia que existia…

Se tem algo que amo profundamente é o céu noturno. Não há coisa que consiga me estasiar mais do que isso. É um deleite aos olhos e um alívio para minha mente. Posso ficar por horas deitada, só olhando para um céu limpo e cheio de estrelas, como estou fazendo agora. Da mesma forma que indicavam caminhos na antiguidade, parecem iluminar a minha alma e meus pensamentos na modernidade. E, de tanto observá-las, fiz até amizade. Algumas são bem conhecidas. As da constelação de Órion são as minhas favoritas. Acho que é porque, quando olho para elas, logo me lembro da história de Aristófanes, que li uma vez no diálogo ‘O banquete’. Fico pensando na ordem que aquele canalha do Zeus deu a Apolo e sempre me pego xingando mentalmente o covarde por tê-lo obedecido. Afinal, com tantos amores que buscou, separou aqueles genuínos e que se pertenciam, almas gêmeas. Não à toa gosto de Órion, seu opositor. Veja como minha mente foi longe. Deitada aqui, olhando para o céu e escrevendo este texto, sou só e...

Onde eu queria estar…

Há frases que você ouve e que não saem da cabeça, de jeito algum. Geralmente as mais curtas têm este efeito. São aquelas que condensam em poucas palavras tanta significação que menos de dez sílabas te deixam boquiaberta. São dias pensando naquilo, quiçá meses. Sim, sou dessas.  Mas há uma frase, em particular, que há alguns dias não sai da minha mente. É que dentro dela tem um verbo no infinitivo que faz tudo ser diferente. Não sei se é por conta do contexto ou das conjunções e sujeitos que vieram imediatamente antes. Só sei que manifesta um desejo tão forte de lugar, que mesmo que a análise sintática indique uma indefinição, eu sei bem qual é aquele espaço. Era o mesmo que o meu. Queria muito, que essa frase tão curtinha, se transformasse em realidade. Quem sabe? Certamente passaria a viver com mais liberdade…

Fora do peito...

A saudade é uma coisa engraçada. Em alguns momentos ela parece nos confortar, mas em outros parece nos sufocar. Não sei se é amiga ou inimiga. A única certeza que tenho é de sua natureza dúbia, que sempre me confronta.  Nos pensamentos algumas vezes ganho, e em outras não. Mas há tanto tempo penso em escrever sobre ela! Só reflito e fico prostrada, mas hoje tive coragem. É que bateu uma saudade boa, daquelas que a gente sente até o cheiro, e que, se eu não colocasse em palavras para fora do peito, acho que explodiria. Hoje não perco! Ela é esperta, sabe do que se alimenta. E, quando a vivência é satisfatória, ela judia e irradia, clamando por atenção. Bate, vem forte e não traz consigo aquele momento, a ingrata. Ela te faz lembrar de tudo: do cheiro, da voz, da paisagem, da miragem, o que seja. Parece fome, daquelas urgentes, que só se sacia quando desfrutamos com calma e fartura. Só sei que queria curá-la com um suspiro ou com um soneto. Sei lá! Queria essa saudade fora do meu pei...

Jamais sem elas…

Palavras me encantam e sempre me encantaram. Sou apaixonada por elas desde a infância. Com elas faço de tudo um pouco: do meu ganha pão a muleta para superar meus próprios medos e sentimentos. Uso e abuso delas com ou sem intenção.   Ah, as palavras! Com elas me permito ser eu mesma, sem medo de mostrar minhas facetas e defeitos. Em meio a elas sou só eu, euzinha e mais nada, nua e faceira, toda solta, frente a meus pensamentos que se transformam em algo palpável e prazeiroso aos meus olhos.  Sim, as palavras. Elas me permitem seguir, interagir e sonhar. As uso com urgência e intensidade, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe. Aliás, com elas o casamento vale, pois é o único que dá certo no curto, médio e longo prazo. Afinal, são o que são em seus significados e quando não são carregam a versatilidade suficiente para te fazer refletir e agir. Elas não te prendem, te libertam. São duradouras e transformadoras, no papel ou fora dele.  Ah...

Não foi por você…

Um dia você me fez prometer que nunca choraria por sua causa. E eu, imediatamente, neguei-lhe esta promessa. E até por isso é que tenho liberdade para escrever este texto, sem medo de confessar que já fiz isso muitas e muitas vezes. Mas o choro não foi por você. Foi por mim, por ter sentido a sua falta e não poder compartilhar contigo um fim de dia, um fim de semana, um simples sorriso, um andar de mãos dadas, um abraço ou ter um beijo roubado. Repito: meu choro não foi por você, mas por mim mesma. Foi  por não sentir seu cheiro e ficar no escuro, sem notícias e sem direção. Foi por não poder te abraçar e te ouvir quando mais precisa e por não saber sobre seu dia. Foi por não poder fazer absolutamente nada para que se sinta melhor.   É sério quando reitero que meu choro não foi por você. Sempre foi e será só por mim, por estar longe da sua presença, em abstinência. Foi por querer compartilhar o ordinário e o extraordinário contigo, por te querer e desejar para uma vida inteir...

Eu mesma no mar…

Minha crônica favorita fala de um homem no mar . É um texto rotineiramente magnífico de Rubem Braga, que sempre que leio me faz visualizar e sentir exatamente cada letra como se fosse um filme na minha mente. E hoje, enquanto olhava fixamente para o mar num fim de tarde, deparei-me com meu próprio conto pessoal, materializando-se de forma tão palpável que se transformou nestas palavras. Olhando para aquele mar, com aquele barco solitário, juro que me enxerguei dentro de um crônico dilema. Fiquei pensando no desejo da ilusão, em perder-me na imensidão daquele mar, para nunca mais me achar. Pensei assim porque sei que  tudo não se passa de um doce engano dos sentidos, que desampara amargamente a minha razão. É, caro leitor, acordar de meu devaneio parece não ser possível, mas será quando toda tormenta passar. E ela vai, só vai, porque não há tempestade pela qual não se aprenda mais e não se saiba enfrentar.  Naquele imenso mar, com aquele barco deslizando lentamente, deparei-me ...

Indisponível demais...

Há algum tempo estou tentando ressignificar sentimentos e até a mim mesma. Mas no decorrer dos últimos meses passei por tantas tormentas, que nem mais lembro das difíceis batalhas que travei. Foram tantas que o total me foge da memória. Mas apesar de não recordar cada uma delas em detalhes, não consigo me esquecer das dores que elas me causaram. E muitas ainda me causam, torcem-me e me chicoteiam todos os dias.  O pior é que agora todo mundo que importa sabe. Estou totalmente exposta. Mas parece que somente eu não me dou conta. Fui renegada, mesmo que por um minuto, só para satisfazer alguma parte. Mas a minha, que é a que deveria mais importar, é jogada no lixo.  Tornei-me totalmente disponível, mas o que tenho encontrado são metades, fragmentos e palavras que não me satisfazem mais. É uma abstinência que me esgota e acaba com minha felicidade. Antes disso tudo acreditava que era feliz e sabia. Hoje só sei que o pior que pode acontecer a uma alma que se importa é a indisponib...

Aquilo que não tiram de você...

Nunca pensei que gente descontrolada existisse, mas elas realmente habitam este mundo. E quando dizem que remédio para um doido é um doido e meio, eu até acredito e concordo, mas não sou da mesma laia e nunca serei, porque se tem algo que não faço é bater palma para maluco dançar.  Não ser da mesma laia de doido, aliás, é algo tão bom . É  da personalidade, tão individual e tão identitário, que ninguém tira de você. É reflexo direto do que você viveu, da educação que recebeu, das experiências de vida e do ambiente que preza permanecer e estar. É a forma como você olha e trata as outras pessoas, sem ódio e evitando o máximo de julgamentos, porque sabe que cada ser é único e tem seu jeito, suas fases, qualidades e defeitos. É  reconhecer que você tem paz, não trazendo para si ou sua vida adjetivos que possam querer lhe dar, porque você sabe quem realmente é, o que sente e consegue se relacionar de forma saudável com outras pessoas.   Quem não tem paz interior não ...

A (falsa) liberdade…

Estava ouvindo um podcast agora a pouco enquanto tomava banho e eis que o entrevistado disse, no meio de uma fala sobre a primeira guerra mundial, que todo adulto sabe quando está sendo escravizado. Sinceramente essa afirmativa ficou repercutindo na minha cabeça. Será que sabe mesmo?   Não, caro leitor, não sabe. A maior parte dos adultos - incluindo você e eu - não sabe o quão é cativo e dominado por situações e (sobretudo) por pessoas. Somos tão escravizados por essa falsa liberdade que só percebemos quando nos encontramos fora da caixinha. Acredite, nem neste texto mesmo essa pobre escritora tem liberdade para escrever e manifestar tudo o que pensa de verdade. Por ter um CPF, apenas posso jogar fragmentos de percepções minimamente aceitas num contexto socialmente admissível. O buraco é bem mais embaixo.  Talvez por isso é que fiquei pensando nisso repetidamente. Por que, afinal, nos submetemos a sermos vassalos de tantas coisas que não nos permitem a sermos nós mesmos e f...

Aos meus olhos…

Já percebeu que há pessoas que sorriem com os olhos? Juro que admiro essa alta capacidade daqueles que conseguem transmitir, apenas com o olhar, o maior e mais bonito sorriso existente . Confesso que, para mim, isso é algo que mistura paz, sinceridade e serenidade, capaz de te transportar para longe de tudo o que lhe causa mal.   Por isso, caro leitor, acredito que talvez essa ótima habilidade seja só inerente às pessoas que são naturalmente boas. Sinceramente, não conheço uma ruim que consiga fazer isso. E faço essa afirmativa porque é algo que observo há tempos, pois se trata de uma caraterística raríssima e que realmente valorizo, pois me chama a atenção desde sempre. É sim um diferencial de pessoas que são especiais aos olhos de quem vê; uma qualidade que ultrapassa elogios.  Sorrir com os olhos é algo encantador e que fascina quem observa. Poderia ficar horas e horas descrevendo tamanha paz e sensação boa que esse tipo de olhar transmite. É algo para se perder e se encon...

Quando não se para de pensar…

Juro  que queria escrever um texto bem específico hoje. Talvez pela complexidade do tema fiquei concatenado  em como começá-lo e nada. Pensei, pensei e pensei várias vezes e a inspiração não chegou.  Tentei, tentei e tentei, sem êxito.  Vencida pela falta de concentração, fui até a cozinha e fiz algo que não realizava há muito tempo: abri uma garrafa de vinho, despejei um bom volume na minha taça favorita e peguei minhas queridas batatinhas. Subi as escadas, abri no celular a minha playlist  (minha versão ‘sofrência’) e cá estou no meu refúgio particular: a sacada bem no fundo do meu quarto, onde tenho enfrentado meus pensamentos e reorganizado minha mente.  É da sacada do meu quarto que tento fugir do mundo que estou para tentar me encontrar no qual gostaria de (e que vou) estar. É que olhar para o céu ao cair do dia, aqui desta sacada, só vendo a noite chegar e se estabelecer, é algo mágico e curativo para mim. É, atualmente, minha tentativa de aplacar, d...

Reset coletivo…

Muitas são as promessas que marcam o início de um novo ano. Aliás, que privilégio, que graça de Deus, termos essa espécie de reset coletivo, que nos permite refletir e pensar melhor sobre aquilo que queremos para aquela ‘nova’ etapa que se inicia. Mais que a mudança de ano no calendário, o recomeço está mesmo é dentro da gente. E para mim, caro leitor, isso nunca fez tanto sentido.  O ano que se encerrou trouxe muitas mudanças de pensamento, de atitudes e de visão de mundo. Aprender a falar não, redescobrir-me, expressar-me, aprender na marra a me defender e a ter que ressignificar as coisas e (sobretudo) eu mesma. Tudo junto e misturado. São tantas metas, expectativas de superar as antigas agonias e de se viver coisas boas, de compartilhar momentos, que a lista do que devo ou não fazer já está enorme. Poderia publicá-la aqui? Até que poderia, mas vou me reservar a tê-la na minha completa privacidade e de meu direito constitucional de não fazer provas contra mim mesma.