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Um simples aceno à realidade…

Era sábado de manhã e o meu marido tinha ido correr. Estávamos com o tempo apertado para uns compromissos a partir das 12 horas e eu ainda tinha que ir até o meu serviço, porque queria ter a certeza que o Pingo, o gato de rua que está morando lá há algum tempo, tinha comida suficiente para passar bem o fim de semana. No caminho da minha casa ao meu trabalho eu tenho que, obrigatoriamente, cruzar a linha férrea. E enquanto aguardava o recém-inaugurado trem de passageiros passar com seus vários vagões históricos e escutando os sinos da cancela, fiquei lá só vendo as pessoas  sacudindo suas mãos, fazendo tchau com a expressão de felizes da vida por estarem se divertindo. Entre crianças que você percebia que faziam aquilo pela primeira vez, pessoas tirando selfies e senhorinhas e senhorzinhos relembrando uma época áurea de suas vidas, lá estava eu dentro do carro e inerte aos abanos de mão. Aliás, eu e as pessoas nos carros ao meu redor, que mais queriam passar um por cima do outro que qua

Foi o que ela disse...

Juro que não conseguia entender o sucesso da série The Office. Chegava a revirar os olhos quando a via passando em algum canal e já trocava, sem ao menos dar uma chance. Mas essa repulsa, talvez, tenha existido por eu não ter insistido em chegar até a segunda temporada. Aí que tola que eu fui!  Mas nesta quarentena, enfim, eu me redimi ao decidir assisti-la após ficar órfã da excelente Parks & Recreation. E ainda bem que fiz isso, pois The Office merece todo o reconhecido sucesso e tem um dos melhores roteiros que já tive a oportunidade de (felizmente) maratonar. Os personagens são apaixonantes, mas não a curto prazo. Você se envolve a médio e a longo prazo (e está aí algo admiro num roteiro, pois é algo dificílimo de se conseguir). Episódio a episódio você não sabe se ama ou se sente vergonha, ou até compaixão, pelo chefe Michael Scott. Senti todas essas coisas, sobretudo vergonha alheia, e passei a realmente admirar e a entender porque Steve Carell é o que é. Vendo The Office em

Ainda bem que há exceções...

Algumas vezes tenho o péssimo hábito de ler comentários de usuários na internet, costume esse que - infelizmente - adquiri pelo ofício de ouvidora, que exerço há tantos anos. Geralmente são dizeres falsos, deploráveis e/ou desnecessários, feitos por pessoas que ou estão em busca de cliques ou de brigas (ou as duas coisas).  Graças a nosso bom Deus, contudo, essa regra tem exceções valiosas e hoje me deparei com uma delas. Ao mesmo tempo que essa exceção me emocionou instantaneamente, fez-me refletir sobre o que realmente importa nessa época que vivemos, na qual algo invisível aos olhos nos obriga a não poder abraçar e beijar as pessoas que você mais ama na vida. Ao mesmo tempo, essa mesma coisa oculta também nos faz mais iguais e próximos do mundo, não importa a língua que você fale.  Dentro desse cenário esquisito fui vítima do modo aleatório do Youtube, acabando num vídeo cover de uma música do Elvis Presley, que se chama Can'n Help Falling in Love . Eis que nesse hábito adq

Há sonhos...

Há sonhos que incomodam muito, mais até que aquelas hashtags horrorosas e banais do Twitter ou que vizinhos batendo na parede às 7 horas da manhã em pleno domingão. Incomodam tanto quanto motoristas que amam colar na traseira de seu veículo, mesmo quando você está dirigindo na faixa da direita e na velocidade máxima permitida àquela via.  Há sonhos que incomodam tanto que sempre que acontecem nos levam a pensar o que eles querem nos dizer, mesmo sabendo que são pura imaginação. Incomodam tanto que parecem nos dar um nível irreal de importância, a partir de revelações misteriosas ou que quase nos colocam num filme exclusivo no qual somos protagonistas na maior parte das vezes (e em muitas destas vezes, no meu caso, estou praticamente combatendo o crime sem ao menos ser capacitada para tal). Também há sonhos que incomodam muito pelo simples (ou grande) fato de serem caóticos a ponto de fazerem sentido, de serem tão reais e inoportunos que falsamente nos criam significados que u

A falta de lastro e o excesso de histeria...

Quando me perguntam qual é minha formação acadêmica e respondo “fiz jornalismo”, a expressão muda negativamente na cara da pessoa que está falando comigo. De uns anos para cá, aliás, a expressão que mais vejo é a de desprezo, mas o que mais me incomoda mesmo é aquele olhar de descrédito.  Até meus próprios familiares e amigos próximos, muitas vezes, comentam comigo ou deixam escapar que jornalistas não servem para absolutamente nada, pois só sabem mentir em causa própria. De tanto que essa situação tem se repetido e intensificado, comecei a refletir ainda mais sobre assunto, tentando encontrar uma explicação. Afinal, de quem seria a culpa dessa insatisfação coletiva?! Como estou no meu blog, eu mesmo respondo: dos próprios profissionais de comunicação, jornalistas tanto quanto eu, que ao invés de exercerem o ofício com responsabilidade e ética, passaram a praticar militância, lacração ou mitagem. Tudo depende da quantidade de likes que seus comentários, textos, áudios ou vídeos

Seres especiais...

Você talvez não tenha percebido, mas entre os seres humanos há uma divisão clara, uma espécie de casta que diferencia um grupo de todos os demais, com características que são difíceis de esquecer ou não se encantar. Mas antes que alguém comece a me chamar ou me acusar de qualquer coisa, a querer me rotular de preconceituosa, explico: refiro-me a exemplares específicos, com características bem peculiares e que lhes permitem serem identificados em qualquer lugar. Os membros dessa casta são bem mais que simplesmente uma espécie viva, dotada de inteligência e de razão, com cabeça, ombro, joelho e pé (joelho e pé, sim, igual à música da Xuxa). São seres extraordinários, com uma capacidade enorme de transformar tudo o que está ao seu redor. Apesar de não terem características físicas únicas, essas pessoas especiais compartilham de uma capacidade inerente a elas, somente a elas. São privilegiadas nas situações em que há uma sequência disposta de maneira alinhada, de qualquer tipo e

Histórias para ninguém...

Nem me lembro mais quando foi a última vez que parei para escrever sobre algo que eu realmente tivesse vontade. Sério, parei para pensar e eu não me lembrei mesmo.  Depois de muito esforço para recordar, parei e imediatamente comecei a escrever, pois esse raciocínio é preocupante. É ainda pior quando você trabalha o dia todo redigindo para muitas pessoas diferentes (muitas mesmo), em diferentes meios de comunicação. Você manda até sinal de fumaça se precisar passar uma informação ao seu leitor, mas quando você é incapaz de se lembrar porque faz tanto tempo que não escreve mais para você, aí dá um aperto no peito. Até lhe  faz debater internamente quando foi que deixou de ser quem é de verdade.  Escrever por mim, para mim, tornam as histórias boas o suficiente para eu ter a liberdade de escrevê-las para você, para ele, para ela, para todos os que queiram ler.  Se o jornalista não escreve para ele, ele é incapaz de escrever para alguém. 

A menininha do vestiário...

Havia acabado de sair da aula de natação. Segui em direção à área coletiva de chuveiros do vestiário feminino, separei os itens do banho, escolhi o box, mudei a temperatura (para deixá-lo no quase frio) e liguei a água.  Antes mesmo de fechar a porta para um pouco de privacidade, observei uma menina de óculos rosa me olhando sem piscar; não sei por quanto tempo ela estava ali. Acho que ela tinha uns oito anos, tinha cabelos castanhos claros e segurava uma calça comprida. Era uma menina muito bonita, que com o olhar me impediu de fechar a porta. Com a cabeça meio tortinha, ela nem piscava.   Curiosa que sou, disse oi para ela e ela me disse oi de volta. Nunca havia visto ela por lá. E antes mesmo que eu tentasse fechar a porta para tomar banho, ela saiu igual a uma metralhadora:  - Sabia que eu tomo banho aí também? Seu chinelo é igual da minha mãe. Ela calça 34 e eu brinco com os sapatos dela. Sua bolsa é esta preta? Que bonitinho o chaveiro que tem nela. Hoje eu também na

O poder da oração...

Peço licença aqui para compartilhar esta oração que gosto muito e que está no livro do Padre Alberto Gambarini, o "Orações aos dias difíceis". Aos que não acreditam, por favor, ignorem a postagem. Mas aos que acreditam, convido-lhes para incluí-la em seu dia a dia se assim desejar. "Por isso vos digo: tudo o que pedirdes na oração, crede que o tendes recebido, e ser-vos-á dado" (Mc 11, 24) Meu Jesus, em vós deposito toda a minha confiança. Vós sabeis de tudo, Pai e Senhor do Universo, sois o rei. Vós que fizeste o paralítico andar, o morto a voltar a viver, o leproso a sarar, que vedes minhas angústias, minhas lágrimas; bem sabeis, divino amigo, como preciso de vós. A minha conversa contigo, Senhor, dá ânimo e alegria para viver. Só de vós espero com fé e confiança. Se for de sua vontade, divino Jesus, peço para que antes de terminar esta conversa possa encontrar graça, com fé e gratidão ao Senhor. Iluminai meus passos, assim como o sol ilumina todos os dias ao

Os limites de 2016...

Não tenho sido uma pessoa muito otimista (pudera de estar começando o texto já com uma negativa). Também tenho meus motivos: 2016 está sendo um ano em que tenho sido testada em tantos limites, que ver a vida com os filtros do Instagram tem se tornado tarefa impossível. Inicialmente estes limites eram apenas físicos, daqueles que você tenta superar em seus treinos e dos quais me orgulhava em estar realmente progredindo. E nesta progressão, quando estava porreta de boa, encontrei o dito limite, que me levou a deixar a corrida de lado por um bom tempo e a ter que abandonar a parte mais importante de uma rotina pesada (e que amava) de treinos, para exercitar a paciência de meu corpo. Objetivos foram deixados de lado e uma pequena parte de minha alegria também. Quem é corredor apaixonado sabe do que estou falando. Depois do físico meu emocional passou a ser testado de diferentes formas. A depressão de um ente mais que amado me fez perceber que até o ser humano que parece ser o mais fort

Os anjos da vida real...

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Aprendi que eles ficam ao nosso lado do início da vida até a morte. Acompanham-nos em cada passo e são responsáveis por nossa proteção no mundo terreno. A fé cristã os defende como seres tão maravilhosos que cada pessoa tem um deles para cuidar de si, um anjo para chamar de seu. Tal como um guarda pessoal, o anjo da guarda fica ao nosso lado para nos conduzir à vida até o último suspiro. Contudo, sempre acreditei que além da existência destes seres espirituais tão especiais, que também temos anjos na forma humana. E eu me sinto muito abençoada, porque tenho muitos destes anjos reais perto de mim e guardo na lembrança muitos outros que, felizmente, passaram por minha vida. Hoje, 28 de abril de 2016, por exemplo, um dia típico de outono, desfrutei da existência de vários deles presencialmente, por telefone, por WhatsApp e por e-mail. Eles não têm asas e tampouco sabem voar, mas sabem como levar esperança e bondade a um ambiente; desfrutam de uma luz própria tão forte que aquecem qu

O mundo está ficando chato...

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Estava a falar com a minha chefe quanto à conclusão de um atendimento de ouvidoria e, na mesa dela, após verificarmos que o atendimento em questão estava correto e que o reclamante não tinha razão em seus recursos, chegamos à conclusão que o problema não era o atendimento, mas o fato de que o mundo está ficando muito chato ultimamente. E chato de galocha, muito chato mesmo, do tipo que – nunca, nunca! – deve ser contrariado em suas vontades para não ficar ainda mais chato.  E o mundo não está assim porque é uma característica dele. Nada disso. O mundo – apesar de cruel e continuar lindo em muitas de suas partes – já foi um lugar bem mais fácil, simples e real. Nele as pessoas já fizeram comida com banha de porco sem se preocupar, já compraram fiado, o dólar era bem baixo, tinham como único creme hidratante o Nivea e – o MELHOR! – as pessoas só tinham que passar filtro solar quando iam para a praia (e só na hora que chegava)... Mas algo mudou no mundo e parece que ele chegou

Não sou obrigada...

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Trabalhando com relações humanas e sentindo muita, muita falta dela no trato do dia a dia fui procurar no dicionário o significado da palavra “obrigado”. Juro que fui pesquisar com um pensamento tão positivo que ao consultar sua real definição fiquei bem decepcionada. Fiz até esta carinha do emoticon do WhatsApp, esta bem aqui ao lado... E por que fiz a carinha à lá WhatsApp? Porque nem o “pai dos burros” dá um crédito positivo ao iniciar a definição desta palavrinha, que está tão sumida ultimamente. Logo sai disparando que é algo que se obrigou, imposto por lei, imposto pela arte, uso ou convenção; necessário e forçado. Não sei se você vai concordar, mas a definição inicial do tal Aurélio – do famoso “obrigado” – confronta diretamente o que nossas mães, pais, tios e avós nos ensinaram há bastante tempo. Quando nem sabíamos falar direito, já entendíamos perfeitamente que o “obrigado” era algo positivo, até precioso e que ia além de um sinônimo de boa educação diante à

Oportunismo disfarçado de bondade; oportunismo que se ostenta...

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Orgulho-me de ser jornalista de formação. Há pouco menos de dois anos, porém, fui convidada para desenvolver um novo departamento e, por este motivo, tenho exercido a função de ouvidora em uma administração pública. Apaixonei-me por este novo desafio e posso afirmar, com todas as letras, que nunca pude aprender tanto sobre a prestação de serviços ao cidadão, até reforçando este aspecto que me fez por optar pelo jornalismo. Aprende-se que é preciso aprender sobre tudo diariamente e que isto é uma dádiva. Quando aceitei o convite de me tornar ouvidora de órgão público fui à nova função com um frio na barriga, mas tendo como princípio básico a teoria da comunicação e seus elementos (emissor, mensagem e receptor), para exercer seus papéis e para conseguir ajudar na interação sem ruídos. Escolhi esta teoria como base visto que o trabalho de uma ouvidoria – bem superficialmente falando, pois é bem mais abrangente – visa, sobretudo, melhorar a qualidade na prestação dos serviços a partir

Finalmente cheguei nos 29A...

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Lembro-me quando minha tia Renata - que chamo carinhosamente de Jô desde que me conheço por gente - fez 30 anos. Festeira e animadíssima (continua assim até hoje!), as comemorações do aniversário dela sempre foram as melhores e ficaram marcadas como excelentes recordações de minha infância e minha adolescência. Tenho-a, inclusive, como minha segunda mãe de tanto que a amo, mas - apesar da convivência - não herdei esta "alma festeira" que ela tem, acabando ficando com a parte "caseira" da família.  Enfim, voltando à festa de 30 anos da tia Jô - e o que este evento tem a ver com este texto (até tardio) - foi nesta data que ela me ensinou uma brincadeira que nos acompanha nas conversas até hoje:  quando uma mulher completa seus 29 anos e 11 meses, em seu aniversário de 30 anos, ela deve começar a contar a idade com o número 29 e expressar o passar dos anos com a ajuda das letras. Como seria isto? Ao invés de dizer "fiz 30 anos", diria "fiz 29 A&quo

O que lhe faz querer...

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Adoro textos que iniciam com uma pergunta. Acho que porque acredito que este recurso ao começo de um contexto tem um quê de mistério, de dúvida (óbvio!) e que quase que nos pega pelas mãos para saber até aonde se pode ir dentro dele, motivando a querer seguir e seguir. É quase que um poder de sedução e que não dá para resistir na maioria das vezes.   E apesar de ter iniciado este texto com uma afirmativa longa, tomei a liberdade para fazer uso deste recurso e lhe perguntar: o que lhe faz querer seguir e seguir? A mim muitas coisas, confesso. Se for para frente são família (e a ideia de poder construir minha própria família), amor, trabalho, música, amigos (poucos e selecionados, mas queridos de verdade), filme, cachorro, gato, malhação, sobremesa, comida de avó, abraço, conversa boa, roupa e sapatos novos, piada ruim, costura, canto de maritaca e corrida, muita corrida. Tudo isto junto e misturado, às vezes mais de um e menos de outro. A lista para seguir em frente é vasta, ma

O tempero que faz a diferença...

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Escrever não é nada fácil, ainda mais quando se falta um pouco de vontade de dizer algo com as palavras ou quando elas são massacradas pelo tempo que há em seu dia, tornando o período que vai do nascer do sol à passagem da lua quase inexistente.  O ato de escrever, um prazer tão solitário e pessoal, torna-se então robotizado, refém do dead line e de tantas outras coisas que deixam as palavras reunidas num contexto, mas sem o tempero que faz seu leitor querer mais. Fica igual a comida sem sabor: você pode até degustá-la, mas não com toda a intensidade que poderia ter. Faz sua refeição por obrigação e necessidade humana, porém não a faz como prazer. Escrever é praticamente a mesma coisa. É tal como um cozinheiro preparando com todo o carinho do mundo o prato principal de um jantar, testando texturas, cores, sabores e cheiros. Ele se esforça para que seu convidado realmente tenha um momento único, um contentamento perfeito a cada garfada levada à boca. Nem sempre dá certo, mas n

Amor de avó é tudo de bom!

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Seja qual fora a hora, se você chegar na casa dela imediatamente uma mesa cheia de delícias se materializará na sua frente, com quitutes que nem uma aula avançada de spinning é capaz de eliminar da cintura e das pernocas depois. E o pior – ou melhor – é que ela conhece exatamente o que você mais gosta de mandar para dentro e aprimorou, ao longo dos anos, o preparo dos itens para poder agradá-lo, leitor. E se ela não sabe fazer não se preocupe: ou ela aprende de tanto praticar ou ela compra o melhor que há e o deixa na dispensa para servir para você assim que for visitá-la. Afinal, ela é maestra em nos surpreender e verdadeiramente ganha o dia se consegue.   Se não bastasse ter nos conquistado pelo estômago, também teve a nossa máxima confiança conquistada ainda na infância, quando com muito jeitinho conseguia – ou tentava, pelo menos – nos livrar daquela baita surra merecida após ter aprontado alguma por aí e sua mãe ou pai terem visto a arte. Tudo bem que comigo não funcionava

Aos que também batem fora do bumbo...

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Não sei se reparou ou se teve tempo para refletir sobre, mas ao longo da vida desenvolvemos uma certa capacidade quase que sobrenatural de atrair ou afastar determinados tipos de pessoas. Para alguns essa característica é chamada de carma, contudo, não me identifico em nada com essa terminologia, sobretudo porque o tal carma mais me lembra o jeito caipira de se pedir um pouco mais de paciência para alguém. Por isso, caro leitor, peço para você total licença para me referir a essa capacidade como um dom. Autorização concedida (espero eu), tenho que confessar que esse dom tem a força máxima de atrair em minha vida pessoas que batem totalmente fora do bumbo. O que seria isso? Você pode me perguntar, pois logo respondo: são seres humanos exóticos, que não compartilham da vida alheia, que gostam de piada ruim, que dão gargalhada alto, que passam o dedo no pote de iogurte quando está no fim ou que, numa tarde qualquer lhe acompanha num cafezinho quentinho, lá da sala proibida. São o

O nó...

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Pode até parecer besteira, mas não é. Há períodos em que o sentimento de solidão toma conta de nosso ser e parece não querer ir embora. Com casa, comida, família, a pessoa amada ao nosso lado, emprego, tempo para fazer o que gosta e aprender coisas novas, chefes bons e roupa lavada, uma vida invejável e muito boa - graças a Deus - é até um sacrilégio escrever uma infâmia como essa. Contudo, ser humano que sou tenho enfrentado sozinha e quieta um sentimento horrível, que para ficar feliz e aproveitar algo bom se torna tão difícil quanto um pensamento de morte. Muitas vezes nem queria mais estar mais aqui.  Sugiro que não continue a ler esse texto se chegou até o segundo parágrafo. Desculpe-me até de ter que ter lido isso, pois me admiro de ter escrito algo tão negativo quanto isso. Aliás, nunca havia escrito um parágrafo tão doloroso quanto o de cima, porém esse nó que dá na garganta está acabando comigo e é algo extremamente doloroso. Não quero mais sentir o laço apertado e tão